As concepções sobre ciência e cientista são muito discutidas na área de Ensino de Ciências. Diversas pesquisas já mostraram indícios de que muitos estudantes, tanto de ensino médio quanto da graduação e até mesmo professores, tem uma concepção bastante deformada do que seja o fazer científico.
Essas deformações não só circulam em escolas e universidades, mas são reforçadas pelo que vemos na mídia e são bem demonstradas nos exemplos que seguem - em filmes, quadrinhos e reportagens:
Doc, da trilogia "De volta para o futuro", representado como um cientista louco.
Franjinha, da Turma da Mônica, o mais inteligente do bairro do Limoeiro.
A revista Isto É, como bode expiatório para todas as outras reportagens em que a ciência descobre, prova e comprova, sem espaço para refutações. Não é à toa que Luís Fernando Veríssimo fica irritado quando a ciência resolve mudar de opinião.
Cientistas que colocam em risco a vida de milhares de pessoas, como Otto Octavius de "O Homem-Aranha".
Com o objetivo de identificar e refletir sobre as concepções de nossos estudantes, seis dos bolsistas e duas professoras do PIBID de Biologia da UnB desenvolveram um trabalho em conjunto. Para nós, bolsistas, foi muito rico aprender ao longo desse processo de três semestres sobre a epistemologia da ciência, através de leituras indicadas pelas professoras, com destaque para o livro “O que é ciência afinal?” (Chalmers, 1993) e para o artigo “Para uma Imagem não Deformada do Trabalho Científico” (Gil Pérez et al., 2001).
Durante um ano e meio fizemos reuniões semanais para discutir sobre a natureza do fazer científico e trabalhamos na categorização e interpretação das respostas dos estudantes a duas questões: “Descreva como você imagina que seja o trabalho de um cientista e quais as etapas de sua investigação” e "O cientista é um sujeito solitário, de jaleco branco, cabelo desgrenhado e óculos, que trabalha sozinho, quase escondido, num laboratório cercado de vidraria” (nessa questão foi pedido aos alunos que analisassem a descrição e respondessem se concordavam, justificando suas respostas).
O trabalho resultante foi apresentado oralmente no VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (VIII ENPEC) e I Congreso Iberoamericando de Investigación en Enseñanza de las Ciéncias (I CIEC), que aconteceu entre 5 e 9 de dezembro de 2011 na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A interpretação dos nossos resultados nos leva a acreditar que há forte influência da mídia na concepção dos estudantes. Por isso, acreditamos ser tão importante utilizar essas mesmas mídias no ensino, de modo a desenvolver uma postura crítica por parte dos alunos e construir uma concepção de ciência mais adequada. Entretanto, isso evidencia a extrema necessidade de discutir aspectos sobre a natureza da ciência durante a formação de professores.
Para ter acesso ao nosso artigo, clique aqui.
Equipe do PIBID-Bio UnB em Campinas
2 comentários :
Parabéns pela bela publicação, abraços
att. Eu
Muito bom o texto, concordo com a citação do Verissimo!
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