terça-feira, 18 de maio de 2010

Você é um animal, Viskovitz


Oi pessoal, hoje gostaria de apresentar-lhes o livro "Você é um animal, Viskotivz", obra de um biólogo russo de descendência italiana chamado Alessandro Boffa . Esse livro traz de forma inusitada, biológica e muito divertida as aventuras de Viskovitz e sem dúvida é um prato cheio para biólog@s e professores. Na verdade Viskovitz é o personagem que encarna em diferentes tipos de seres vivos, desde microorganismos até cães farejadores da polícia. O que mais me entreteu no livro de Alessandro é a mescla entre conceitos biológicos (corretíssimos, devo dizer de passagem) e a antropomorfização dos personagens, de forma que você possui um romance e um "pseudo livro-texto". Agora no tocante as aulas observei diversas possiblidades para esse romance. E até pontuo algumas aqui, aliás, um ponto forte do livro é que ele é divido em contos, portanto sua leitura é fluida e permite trabalhar diferentes contos com diferentes grupos. Voltando as possibilidades do livro ele é ótimo para trabalhar zoologia, pois apresenta morfologia, comportamento, reprodução, fisiologia entre outros e também é ótimo para exigirmos um pouco mais da leitura dos alunos, pois, apesar de não se de difícil compreensão utiliza conceitos e palavras pouco conhecidas aos alunos. Quando do momento que o utilizei na sala de aula pedi aos alunos para listarem as palavras que não conheciam ou que não entendiam. Engraçado, ou preocupante, foi ver que pelo menos um quarto das palavras listadas não possuíam relação próxima a biologia (p.e. heresia). Na verdade eu utilizei o livro em uma aula de produção de contos, tendo como base os exemplos de contos que eu levei. Acredito que escrevendo um conto de forma mais livre, do ponto de vista literário, porém embasado em conceitos das ciências naturais promove a criatividade e a edificação do conhecimento para o aluno, e ainda diminui a "taxa" de copiar e colar e exige que o aluno compreenda o conteúdo de forma a criar uma estória coerente.

Abaixo deixo dois trechos do livro:

Tínhamos ficado sozinhos naquela crosta de gelo à deriva, na noite polar. Liuba virou-se e disse:
"Meu amigo, gostaria que você botasse a nossa conversa preto no branco."
Expliquei-lhe que não era possível, que eu era um pingüim. Para mim, "botar preto no branco" significava, no máximo, fazer outros pingüins. E além disso eu tinha mais em que pensar.
Um mês depois, eu ainda estava ali, imóvel, com um ovo debaixo da barriga, recordando.
Eu é que tinha puxado a conversa...


"Como era o papai?", perguntei à minha mãe.
"Crocante, um pouco salgado, rico em fibras"
"Antes que você o comesse, quero dizer"
"Era um sujeitinho inseguro, ansioso, neurótico, mais ou menos como vocês todos, os machos, Visko.
Mais do que nunca, eu me sentia próximo daquele genitor que não conhecera, que havia se dissolvido no estômago de mamãe enquanto eu era concebido. De quem não tinha recebido calor, mas calorias. Obrigado papai, pensei. Sei o que significa, para um louva-a-deus sacrificar-se pela família.


Gostaria também de lembrar que este livro encontra-se disponível em nosso humilde acervo.

Abraços

Um comentário :

Natalia disse...

Livro ótimo, e ótima matéria também :)